My 2nd page... a sobrevivência dos vários lugares da Serra da Lousã.

Memorial homenageia povo de Serpins pela defesa dos baldios


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Na Lousã, a reflorestação da mata do Sobral, foi marcada por episódios de revolta popular e de grande contestação relativamente ao processo, numa palavra, em defesa dos direitos seculares de livre utilização e aproveitamento.

(…)

Não obstante as preocupações da gestão camarária181, tornava -se cada vez mais difícil a sobrevivência dos vários lugares da Serra da Lousã.

MONTEIRO (op. cit.) advoga que os Serviços Florestais não respeitaram as indicações e recomendações dos povos serranos que foram transmitidas pela Câmara, procederam a sementeiras e plantações em áreas contíguas às culturas, árvores e até logradouros, desrespeitando as necessidades dessas populações e os acórdãos anteriores em que estavam patentes, de forma clara, as áreas específicas de intervenção e onde se procurou assegurar os direitos dos habitantes das aldeias serranas, no que diz respeito aos caminhos, às águas, pedra e matos. Apesar dos protestos das populações, a acção da Câmara foi pautada por uma certa inércia (voluntária ou por influência superior), acabando por enviar aos Serviços Florestais as conclusões extraídas do inquérito de 1927.

A opinião de quase todos os entrevistados e informadores com quem falámos durante a investigação, vai no sentido de que os Serviços Florestais, de um modo geral, respeitaram a área dos casais e as condições consideradas essenciais para a sua manutenção.

Contudo, foram intransigentes na defesa e policiamento das áreas de baldio, submetidas ao regime florestal parcial, porventura por excesso de zelo.

 A imposição deste modelo de florestação dos baldios abriu entre o Estado, os municípios e a sociedade rural uma importante “linha de fractura”182.

Na Lousã, a experiência anterior, particularmente a reflorestação da mata do Sobral, foi marcada por episódios de revolta popular e de grande contestação relativamente ao processo, numa palavra, em defesa dos direitos seculares de livre utilização e aproveitamento.

 

Perante as reclamações apresentadas pelas várias freguesias, a Câmara da Lousã tomou algumas medidas, diligenciando no sentido de salvaguardar os interesses locais baseados em reclamações aceitáveis e legítimas. Mandou, ainda, proceder à elaboração de um inquérito (aliás, obrigatório, segundo os artigos 14.º a 37.º do “Regulamento” de 1903), cujas conclusões passamos a transcrever:

– «Manutenção dos necessários caminhos de ligação entre as várias povoações da Serra, e bem

como assim das servidões para propriedades, moinhos, lagares, etc., e das servidões de águas;

– Manutenção dos direitos dos povos e dos particulares à água para fontes e regas, bem como às quedas de água aproveitadas para moinhos e lagares;

– Manutenção da faculdade de explorar pedra nas pedreiras existentes ou noutras que a Câmara mande abrir;

– Reconhecimento insofismável do direito dos povos aos matos, lenhas e esteios, provenientes das limpezas normais das matas, sob a fiscalização dos empregados dos serviços florestais»

(Alma Nova, 2/4/27, cit. por MONTEIRO, op. cit., 234).


in  LivroPatrimnioConstrudoeDesenvolvimentoSerradaLous2021_631 Pags.pdf Pag 355

 


MAIS LEITURAS/LINKS:


EFEMÉRIDES LOUSANENSES  (divulgado recentemente no Grupo do Facebook História, Cultura e estórias da Lousã)


1916 - Foram julgados e ilibados pelo Tribunal de Coimbra, os 16 serpinenses acusados de terem promovido os tumultos nas Matas do Sobral, Cabeça Gorda e Braçal, na freguesia de Serpins, quando estas foram entregues, pela Câmara Municipal, ao Regime Florestal.



https://www.researchgate.net/publication/329127461_Os_Baldios_da_Discordia_As_Comunidades_Locais_e_o_Estado



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Solstício de Inverno

  Fontes/Links: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/12/21/milhares-de-pessoas-celebram-o-solsticio-de-inverno-em-stonehenge.ghtml ΦΦΦ