My 5th page... a Brigada Móvel de plantio da vinha americana - I




Trazemos aqui à memória os tempos dos incidentes, com o povo do concelho, contra o corte das videiras americanas na Lousã, reproduzindo aqui os testemunhos escritos divulgados recentemente sobre o tema, no Facebook por José Almeida 

nas suas CRÓNICAS 


C  R  Ó  N  I  C  A S

do que um lousanense

Viu, Ouviu e Leu

 

 

N. 145 - PARTE 1

 

-(Textos que publiquei, no Grupo do Facebook, 'História, Cultura e Estórias da Lousã', de 23 a 28 de novembro de 2023) -

Por volta do ano 2000 encontrei no Arquivo Municipal da Lousã um conjunto de cartas trocadas entre o Governador Civil de Coimbra, Dr. Augusto de Castro Soares, e o então presidente da autarquia, Dr.  Pedro de Mascarenhas, documentos inéditos que mostram como a Câmara lousanense tentou, pelo menos, que a operação da Brigada Móvel do Estado que ia proceder aos cortes das videiras do vinho morangueiro, não se fizesse naquela altura e naqueles termos, como que antecipando a desastre que veio a acontecer.

Inédito também, no meio local, será o comunicado feito a respeito do acontecimento, pelo Comité Regional do Centro do Conselho Nacional de Unidade Antifascista (MUNAF), do qual um dos principais ativistas em Coimbra foi o poeta Joaquim Namorado.

 

OFÍCIO DA CÂMARA MUNICIPAL DA LOUSÃ, REF.ª 478 DE 18 DE ABRIL DE 1945, PARA O GOVERNADOR CIVIL DE COIMBRA

Chegou hoje a esta Vila a Brigada Móvel de plantio da vinha americana que começou a fazer o inquérito do número de videiras que ainda se encontram por enxertar.

Como já tivemos oportunidade de expôr a V. Exa. não há nada mais inoportuno que este serviço nesta ocasião. Ao mesmo tempo que estes funcionários entravam na freguesia da Lousã, os representantes do Grémio de Exportadores de Madeiras encontram-se a desbastar os pinhais. Isto tudo com a falta do açúcar e com os anúncios da próxima distribuição ser só de 450 gramas (quando nos grandes centros distribuem 1.200 gramas por pessoa) traz o Povo naturalmente mal disposto. Como quer V. Exa. que as próximas eleições possam ser concorridas?

Os funcionários do plantio da vinha creio que não serão mal tratados no seu serviço porque o Povo da região é naturalmente pacífico, mas o que encontram é resistência pacífica e com esta não há luta possível. Não podemos ir obrigar o Povo a denunciar as propriedades que têm algumas videiras.

Os Regedores são os primeiros que muito justificadamente se recusam a esse serviço. Têm que viver com o Povo, se os vão prejudicar nos seus interesses perdem todo o seu prestígio e autoridade, e se forem obrigados anunciam que pedem a sua demissão, e posso afirmar a V. Exa. que não encontro quem exerça o cargo. Estes estão nele unicamente por dedicação à situação e alguns até por amizade pessoal a mim.

Devo lembrar a V. Exa. que este concelho não é produtor de vinhos e se exporta algum vai buscá-lo à região da Bairrada e do Dão, e é este que os importantes negociantes desse género que aqui têm os seus armazéns espalham pelos estabelecimentos da terra. Do vinho americano não entra um litro nas tabernas. É todo consumido pelos seus produtores. A maior parte é criado em terrenos de um dos lados das correntes de água que não dão outros vinhos e nesta altura do ano está todo bebido.

Dizem que o enxertam, mas está provado que as enxertias nesses cavalos não produzem. Quer-se privar o Povo da única regalia que agora usufruem, numa época em que tudo lhe falta?

Peço a V. Exa., que defenda essas ideias junto de quem deva ser e que, sendo possível, consiga livrar deste concelho - no corrente ano - das durezas da Lei que manda cortar as videiras ou ao menos que venha ordem para que esse serviço se faça com moderação a fim de não exaltar os espíritos nos momentos angustiosos que estamos atravessando.

Espero ficar a dever a V.Exa. mais este importante serviço.

O Presidente da Câmara da Lousã

Dr. Pedro de Lemos.

 

OFÍCIO DO GOVERNO CIVIL DE COIMBRA, REF.ª C/521 DE 19 DE ABRIL DE 1945, PARA A CÂMARA MUNICIPAL DA LOUSÂ

O ofício expedido por V. Exa., sob o n.º 288 em 10 de março último, foi integralmente transmitido a Sua Exa. o Sub-Secretário de Estado da Agricultura, acompanhado de palavras minhas, que procuravam obter assentimento superior para aquilo que V. Exa. propunha, quanto ao arranque das vinhas americanas.

Em novo ofício expedido sob o n.º 478, em data de ontem, comunica-me V. Exa.  as suas impressões quanto à medida governamental a cuja execução parece começar-se a dar início, e faz algumas observações, que poderão, porventura, calar no espírito do mesmo Exmo. Sub. Secretário, se julgar oportuno suspender uma medida já decretada.

Sem prejuízo do conhecimento que darei, do parecer de V. Exa, e da resposta à primeira exposição, que eu estimaria fosse favorável, permito-me observar que tem de ser norma não procurarmos justificar medidas estudadas e decididas superiormente, pois elas se subordinam aos superiores interesses nacionais, e, de forma alguma são tomadas de ânimo leve.

De resto, sabe V. Exa. que o arranque das vinhas americanas se arrasta há alguns anos, mercê da compreensão e tolerância do Governo, sempre disposto a transigir perante reclamações atendíveis e feitas em termos.

Julgo supor que uma representação bem deduzida e transmitida a Sua Excelência o Sub-Secretário de Estado da Agricultura, sob patrocínio do Grémio da Lavoura, poderia alcançar o desejado pedido objectivo em protelar o arranque das vinhas, para o fim das vindimas próximas.

Não me repugna defender a proposta de V.Exa., mas respeito inoportuna a alusão ao corte dos pinheiros imposta por circunstâncias excepcionais de abastecimento de lenha aos Caminhos de Ferro, aliás realizadas em todas as regiões do País, e não constituindo excepção em relação a esse concelho.

Do mesmo modo, parece que a reclamação a fazer quanto à capitação, deveria, logicamente ser dirigida à Delegação da Intendência Geral de Abastecimentos.

Digne-se, pois, V. Exa. aguardar resposta do Ministério da Economia, e, enquanto ela não vier, tentar facilitar por todos os meios o cumprimento da lei em vigôr.

O Governador Civil

Augusto de Castro Soares

 

OFÍCIO DO GOVERNADOR CIVIL DE COIMBRA, REF.ª C/528 DE 23 DE ABRI DE 1945 PARA CÂMARA MUNICIPAL DA LOUSÃ

Aproxima-se a data em que uma brigada do Plantio da Vinha iniciará a Campanha de Produtores Diretos, por determinação superior e sancionada por Sua Exa. o Ministro da Economia.

Daquele Ministério é solicitada que atue junte de V. Exa. no sentido de obter para os funcionários da Brigada, todo o auxílio e informações que por estes sejam pedidos.

Esta Brigada vai efetuar um serviço de verificação, de fiscalização de registo, para o qual eu peço a V. Exa  o maior número de facilidades, para que tudo corra com a melhor ordem, à semelhança do que acontece já em numerosos concelhos do distrito de Aveiro.

Em certos casos será útil uma prévia explicação, aos Presidentes das Juntas de Freguesia e Regedores, a fim que fiquem cientes das intenções da Brigada e das razões do seu procedimento, por ponderosos motivos de aspecto económico nacional e do texto legal há muito promulgado, ao qual todos devem inteira e elementar obediência.

O Governador Civil

Augusto de Castro Soares

 

OFÍCIO DO GOVERNO CIVIL DE COIMBRA, REF.ª 641 DE 21 DE MAIO DE 1945 PARA   CÂMARA MUNICIPAL DA LOUSÃ

A título definitivo, para que V. Exa. se digne informar urgentemente na volta do correio, envio, para cumprimento do determinado pelo Exmo. Ministro do Interior, o incluso ofício que, pela Repartição dos Serviços Vitivinículos, foi enviado à Direção Geral da Administração Política e Civil do Ministério do Interior, transcrevendo outro do Chefe da 6.ª Brigada Móvel do Plantio da Vinha.

O Governador Civil

Augusto de Castro Soares

 

OFÍCIO 19.613,REF.ª 2/UBE/, MINISTÉRIO DA ECONOMIA, DIREÇÃO GERAL DOS SERVIÇOS AGRÍCOLAS, EXTENSÃO DOS SERVIÇOS AGRÍCOLAS

       Para conhecimento e resolução de V.Exa.

10/05/1945

a) Mário Matias

            (Ouça-se o Governador Civil sobre a atitude do Presidente da Câmara da Lousã

a) B. Moniz

                  Para conhecimento de V. Exa. e devidos efeitos passo a transcrever o teor do ofício n.º 372, de 5 do corrente do Senhor  Chefe da 6.ª Brigada Móvel do Plantio de Vinhas (Coimbra)

      “Conforme o determinado por V. Exa. em ofício n.⁰ 16.429 de 20 de Abril p.p. tenho a honra de informar V. Exa. que me foi dado cabal cumprimento ao determinado no mesmo.

A Lousã foi o concelho onde fizemos o nosso trabalho de preparação para a Campanha de Produtores Diretos, com o fim de dar ao serviço uniformidade.

Durante este período, verifiquei que na altura dos registos deviamos lutar com grande dificuldade do pessoal de informação.

Faltou-nos o apoio do Senhor presidente da câmara. Estas dificuldades, intencionalmente criadas pela referida autoridade concelhia, perante os Regedores e Presidentes das Juntas de Freguesia, levou-os à propaganda, para dizerem que nada sabem a quem pertencem as propriedades.

Dado este aspeto de não colaboração, tão desagradável para a eficiência do trabalho, julgo ser acertado lançar mão do cadastro existente na Brigada, dos maiores viticultores (de P.D.),* deste concelho, sendo estes obrigadas a informar as suas propriedades.

Para a execução necessitamos da Guarda Nacional Republicana. Caso contrário todo o tempo é perdido.

Tenho recrutado informadores e nas vésperas do serviço dizem conhecer o necessário para levantar um auto de transgressão, mas em altura própria, negam-se a prestar esclarecimentos.

Nestas circunstâncias, acho preferível optar pela presença da G. N. R., obrigando os proprietários à comparência e acompanhados.

Conforme V. Exa. e o Exmo.  Governador Civil de Coimbra, depois de várias vezes ouvido sobre o assunto, é absolutamente de parecer de começar o serviço da maneira exposta.

Dei ao serviço este aspeto, no entanto aguardo as ordens de V. Exa.

 A Bem da Nação

Lisboa, 7 de Maio de 1945

 

Exmo. Senhor Diretor Geral de Administração Interna, Política e CoviLisboa

P'lo Diretor Geral

A. Botelho da Costa

(Eng. Agrónomo)

 

* - P. D. será Produção Direta, vulgo, videira americana.

 

 

OFÍCIO DA CÂMARA MUNICIPAL DA LOUSÃ, REF.ª 665 DE 22 DE MAIO DE 1945 PARA O GOVERNO CIVIL DE COIMBRA

Em cumprimento do disposto no telegrama de V. Exa., com o n.º 100 de 21 do corrente, hoje recebido, tenho a honra de informar:

Há cerca de um mês que nesta vila se encontra uma Brigada de plantio de vinha  a fim de proceder ao inquérito sobre produtores diretos existentes no concelho.

Essa Brigada pediu o auxílio das autoridades locais e assim eu convoquei os Regedores, os presidentes das Juntas de Freguesia e alguns dos maiores  proprietários daquelas videiras, para que o Chefe da Brigada lhes expusesse os fins da Lei, e eu deles pudesse exigir o seu cumprimento. Desde logo notei certa efervescência, quer por parte dos proprietários, quer mesmo da parte do povo de alguns dos populosos lugares que formam a freguesia e onde de facto mais abundam aquelas videiras.

Dos Regedores, que a Brigada desejava que os acompanhasse, logo obtive a certeza de uma negativa formal pedindo todos, à uma, a sua demissão. Concelho pequeno, dificilmente se torna a sua substituição, pois é um lugar que só acarreta dissabores e incómodos, demais exercido gratuitamente, ninguém o quer ocupar. E de facto dou razão às suas alegações.

Vivendo com o povo, no meio do povo, não estão dispostos a indispor-se com todos. Assim, sugeri que uma força da GNR, mas de fora do concelho, acompanhasse aqueles funcionários.

Ultimamente chamei, a horas desencontradas, ao meu gabinete os proprietários que eu sabia constarem de uma lista que a Brigada possuía, e que por isso iam ser visitadas.

Não consegui mais do que a promessa de cortarem ou de mandarem cortar, desde que não fossem os primeiros.

Foi então sugerido à Brigada que iniciasse os seus trabalhos pela sede da vila, onde havia aqueles que o povo chama "os Grandes", para que estes que bem conhecessem a Lei dessem o exemplo aos de cultura mais rudimentar. Mas também creio não ter dado o resultado desejado, não só porque as videiras destes eram poucas e muito disseminadas, mas também porque o foco principal residia nos lugares da Papanata, Moita, Fontaínhas, Ribeira, etc., foco esse que a Brigada pretendia atacar com rapidez e eficiência.

Assim, ontem, segunda-feira, a mesma Brigada, acompanhada do sargento mais 8 praças desta vila, e sem darem disso conhecimento à autoridade administrativa, iniciaram nas Fontaínhas o seu trabalho, obrigando os proprietários a acompanhá-los para lhes indicarem as suas propriedades e nelas fazerem o arrolamento das videiras.

A força policial havia sido dividida: 3 praças ficaram junto à Capela de Santa Luzia, a fim de evitar que o povo tocasse o sino, e as outras acompanharam os fiscais.

Foi então que a exaltação do povo atingiu o auge.

Alguns dirigiram-se à Capela onde pretendiam tocar o sino, outros conseguiram retirar do meio da força policial, que acompanhava os fiscais, os proprietários que iam indicar as suas propriedades.

E desta barafunda toda, destes desacertos que somos os primeiros a lamentar resultou este triste quadro: um civil morto, * dois civis gravemente feridos, uma praça da G.N.R. bastante ferida, * e bastante feridos também três funcionários da Brigada.

 

--------////--------

 

Permita-me V. Exas. agora algumas considerações.

Sempre manifestei o desejo de que tal trabalho fosse adiado, ou em última análise fosse feito com forças policiais de fora do Concelho, e sempre manifestei o meu receio no seu resultado .

Demais, devo frisar, a Brigada não veio comunicar às autoridades que ia ontem iniciar os seus trabalhos, sem que pelo menos evitassem o seu começo num Dia Santo, quando todos estavam em casa.

Por último e embora já tenha tomado todas as medidas de precaução que me pareciam necessárias, informo também V. Exa. que tendo ontem à tarde às autoridades judiciais, a quem o caso foi afeto, procedido no cemitério local à autópsia do morto, foi pelo Juíz de Direito autorizado que a família o levasse para sua casa para fazer o enterro hoje, o qual teve lugar ao meio dia, sem qualquer manifestação, certamente devido às providências tomadas.

Não pode o Chefe de Brigada dizer que não o apoiaram. Pensando que conseguia alguma coisa dos proprietários, convoquei alguns para o meu gabinete, e na presença de alguns fiscais (não do Chefe, que quase nunca aqui estava), procurei convencê-los a cortar ou a deixar fazer o arrolamento. A maioria declarou que cortaria, mas não queriam ser os primeiros, outros que não cortavam por recearem represálias dos seus vizinhos, outros ainda apontavam razões que nos convenceram de que só com muita força se conseguiria qualquer resultado.

Não tinha à minha mão outros meios com que pudesse apoiar a Brigada, ou remover as dificuldades que ela encontrou para realizar a sua penosa missão.

Devo esclarecer V. Exa. que ao contrário do que sucede em outros concelhos, os proprietários categorizados e mais ilustrados estão fora do problema e não se interessam na conservação das videiras americanas ou no seu corte.

Exposto sucintamente os factos e lamentando os acontecimentos de que não me senti culpado nem responsável, visto não terem sido tomadas as cautelas necessárias ou pelo menos aconselháveis, entrego o julgamento da minha conduta a V. Exa., pedindo já a V. Exa. que se digne propor a minha substituição se a entender necessária, a bem do Conselho e da Situação que estou servindo, desinteressadamente, há 10 longos anos.

O Presidente da Câmara

Dr. Pedro de Lemos

 

* Foram dois os moradores das das Gândaras que morreram em consequência desta tragédia: Manuel Rodrigues (Zabela) e Jerónimo Bento.

* Morreu também o guarda republicano Manuel Vitorino, que prestava serviço na lousã e era pai do último proprietário da Leitaria Império, António Vitorino.

 

OFÍCIO DO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DA LOUSÃ, REF.ª 671 DE 22 DE MAIO DE 1945, PARA O GOVERNADOR CIVIL DE COIMBRA.

Respondendo ao ofício de V. Exa. n.º 641, venho informar que não foi verdade o que alega na sua exposição o Chefe da Brigada Móvel do Plantio da Vinha que tem feito serviço nesta vila.

Logo que me foi pedida a convocação dos Regedores para lhes fazer uma exposição sobre o serviço que iam fazer, convoquei não só os Regedores como os Presidentes das Juntas, pessoas que reputo da mais absoluta confiança. O senhor Chefe de Brigada expôs-lhe as suas razões, mas todos nós, concordando com elas, lhe fizemos ver que a ocasião era péssima pois que dificilmente conseguíamos dos proprietários que arrancacem as suas videiras carregadas de caixos, prometendo-lhes vinho em abundância, e lhe dissemos que não os podíamos acompanhar, pois se tal fizéssemos, com antecipada certeza de obter resultados favoráveis ao fim em vista, nos íamos indispor com os que temos de viver, e que no primeiro acto eleitoral seria impossível trazê-los às urnas. Os Regedores, funcionários gratuitos que exercem o seu cargo por grande amor à Situação e favor pessoal, declararam logo que preferiam pedir as suas demissões a ter de acompanhar as Brigadas ou a denunciar os seus vizinhos. Todos nós sabíamos a disposição do Povo, que pacífico e ordeiro em geral, muda inteiramente quando lhe falam no assunto das videiras americanas, tendo ainda há meses os funcionários que andaram organizando o recenseamento eleitoral, de sair apressadamente de alguns lugares por ali se espalhar que eles tratavam de assuntos a elas referentes.

Então, aconselhei a Brigada a que tendo de fazer o serviço, só deveria começá-lo acompanhado de uma força da Guarda Republicana bastante numerosa, e de preferência de fora da terra, para também evitar que os guardas aqui residentes criassem inimizades no meio do Povo. Infelizmente nada disso se fez, começando o serviço num dia santificado e só com 9 praças.

Agora temos de deplorar os acontecimentos.

Ainda devo dizer a V. Exa. que, ao contrário do que o Chefe de Brigada possa alegar, eles encontraram na autoridade administrativa todo o apoio possível.

Simplesmente nos recusámos a acompanhá-los.

Conhecedores do modo de pensar dos povos dos lugares afetados, que vêm no vinho das suas videiras a sua maior riqueza, nos convencemos que tomando parte direta no arrolamento, perdíamos todo o prestígio e autoridade indispensáveis para desempenhar o lugar que estamos exercendo.

Indiretamente, porém, fizemos tanto eu como os meus colegas da Câmara, todo o possível para convencer os proprietários a cumprir a Lei, o que muitos não fizeram para não se indisporem com os seus vizinhos.

A GNR está a proceder a um rigoroso inquérito, tendo sido presas bastante pessoas.

De tudo o que houver irei informar V. Exa.

O Presidente da Câmara da Lousã

Dr. Pedro de Lemos

 

(continua)


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