15/11/2024

A Salvaguarda dos interesses locais

Património Construído e Desenvolvimento em Áreas de Montanha

O Exemplo da Serra da Lousã

(Paulo Carvalho)


Excertos
(pag. 354)

Perante as reclamações apresentadas pelas várias freguesias, a Câmara da Lousã tomou algumas medidas, diligenciando no sentido de salvaguardar os interesses locais baseados em reclamações aceitáveis e legítimas. Mandou, ainda, proceder à elaboração de um inquérito (aliás, obrigatório, segundo os artigos 14.º a 37.º do “Regulamento” de 1903), cujas conclusões passamos a transcrever:


– «Manutenção dos necessários caminhos de ligação entre as várias povoações da Serra, e bem como assim das servidões para propriedades, moinhos, lagares, etc., e das servidões de águas;

Manutenção dos direitos dos povos e dos particulares à água para fontes e regas, bem como às quedas de água aproveitadas para moinhos e lagares;

Manutenção da faculdade de explorar pedra nas pedreiras existentes ou noutras que a Câmara mande abrir;

Reconhecimento insofismável do direito dos povos aos matos, lenhas e esteios, provenientes das limpezas normais das matas, sob a fiscalização dos empregados dos serviços florestais»

 Pag 354 nota de rodapé.

 (Alma Nova, 2/4/27, cit. por MONTEIRO, op. cit., 234)


Fontes/Links:

https://cm-lousa.pt/wp-content/uploads/2022/09/Patrimonio_Serra-da-Lousa-baixa-resolu%C3%A7%C3%A3o.pdf

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08/11/2024

Viva o Castanhanheiro!


A castanha é um dos produtos endógenos da nossa região que sofreu um período de franco declínio devido à doença da tinta (provocada por oomicetas do género Phytophthora spp.), o cancro do castanheiro (provocado pelo fungo Cryphonectria parasitica (Murrill) M.E. Barr), que chegou à na Europa em 1938, vindo dos Estados Unidos da América, 

Esta doença afetou o nosso país e consequentemente o concelho também.

Ainda assim, perdura a tradição de visitar os diversos soutos existentes na Serra para colher a castanha, nesta época do ano. 

O potencial de produção de castanha, nesta região pode vir a beneficiar a todos.


Existe variada informação sobre os castanheiros. Nos links abaixo poderá aceder a algumas das fontes consultadas. 

Considerada como a “árvore-do-pão” nas regiões a norte do Tejo, o castanheiro foi a base da alimentação antes da chegada da batata e a principal fonte de hidratos de carbono no norte da Península Ibérica. Esta árvore de folha caduca consegue crescer até aos 30 a 35 metros de altura e atingir diâmetros de até 12 metros, embora o tronco se torne oco à medida que a árvore envelhece. De grande longevidade, pode viver mais de mil anos.

No início da Idade Média, também designada por “era dos bosques”, os bosques e o castanheiro tiveram um importante papel na economia dos senhores feudais e na alimentação das populações. Nesta época, o castanheiro ganha o título de “árvore de fruto por excelência”. 

A castanha era a base da alimentação das populações serranas na Península Ibérica. Ainda no  século XVIII, em Portugal, muito mais disseminado e vulgarizado que nos nossos dias – desde o Minho, passando pelas Beiras, até ao Alentejo Interior -, o castanheiro era uma árvore de grande valor económico, uma vez que a castanha continuava a desempenhar um importante papel na alimentação das populações.

O castanheiro, progressivamente tornou-se o centro da vida nas montanhas, oferecendo trabalho e alimento para muita gente. A civilização do castanheiro estreita relações familiares e sócio-económicas entre o homem e o castanheiro, transforma a paisagem agrária, a dieta alimentar e as relações com o território; especializa a força de trabalho e fomenta o comércio.

O papel central e unificador do castanheiro estava bem estabelecido nas gentes de montanha e na economia florestal. Historicamente, o homem leva consigo o castanheiro e, muitas das vezes, assenta as suas aldeias somente onde esta árvore pode crescer e dar frutos.

Entretanto, na segunda metade do século XIX, surge a doença da tinta, constituindo um risco para esta espécie. 

 A partir dos anos 70 do século XX com as mudanças no mundo rural, declínio do artesanato e concorrência de novos materiais, nomeadamente no sector vitivinícola que absorvia grande parte da produção proveniente das talhadias, concretamente a tanoaria, cestos e os postes para as vinhas. Pouco a pouco esta forma de exploração do castanheiro bravo para produção de materiais de pequenas dimensões foi deixando de ser procurada, o que contribuiu para o abandono de extensas áreas de castinçais.

Felizmente, em Portugal, esta espécie tem sido muito recomendada e procurada pelos produtores florestais, retomando o merecido lugar de destaque de outros tempos, com a plantação de alguns milhares de hectares quer para fruto quer para madeira, quer para as duas produções em simultâneo na sua dupla vocação: lenho e fruto. Para este renascer muito contribuíram os programas da União Europeia e os respectivos incentivos financeiros à rearborização e arborização de terras abandonadas pela agricultura. 

Diz o povo que “um castanheiro leva 300 anos a crescer, 300 a viver e 300 a morrer”.

Distribuição geográfica do Castanheiro


Fontes/Links:

https://vozdocampo.pt/2024/11/05/melhoramento-genetico-do-castanheiro/

https://florestas.pt/saiba-mais/quais-as-principais-doencas-do-castanheiro/

https://florestas.pt/conhecer/castanheiro-uma-cultura-milenar-e-marcante-nas-regioes-de-montanha/

https://www.fc.up.pt/pessoas/mccunha/Silvicultura/Aulas/silvicultura_especial/castanheiro/Castanheiro.pdf

https://brigadadafloresta.abaae.pt/castanheiro/

Outros Links:

Conservação, regeneração e exploração do castanheiro

https://www.fc.up.pt/pessoas/mccunha/Silvicultura/Aulas/silvicultura_especial/castanheiro/Castanheiro.pdf

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