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Serra da Lousã, Portugal, Vaqueirinho Republic! GPS: 40.0795518" N -8.2232355" O
Governo promete que não irá aumentar a área do eucaliptal
num artigo interessante divulgado pelo Público a jornalista Rita Cruz dá-nos conta do relato promissor dos nossos governantes no domínio das políticas e do futuro da floresta nacional...
está tudo lá, basta ler, e somar as várias peças, os players, os interesses em jogo, os lobbies envolvidos, e os governantes, políticos e afins, a tentar ganhar algum com isso!
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No futuro da floresta portuguesa, Governo promete que não aumentará área de eucaliptal
Durante a campanha eleitoral, o agora primeiro-ministro Luís Montenegro garantiu que, a ganhar as eleições, não iria aumentar a área de eucaliptal. O secretário de Estado Rui Ladeira insiste que a promessa é para cumprir e que não planeia rever os limites de arborização e rearborização com eucalipto. O antigo autarca de Vouzela está à frente da Secretaria de Estado das Florestas há quatro meses, desde que o actual Governo tomou posse, em Abril deste ano. Nesta quarta parte da série, procurámos os traços gerais, a visão e plano do Governo para as florestas, com particular foco nas questões levantadas nos artigos anteriores, como a prevenção dos incêndios, o abandono de territórios florestais, eucalipto e o papel económico da floresta.
Em 2018, dois especialistas norte-americanos em incêndios florestais vieram a Portugal estudar os graves incêndios de 2017 e concluíram que 80% da floresta portuguesa estava abandonada, apontando o dedo a más práticas de gestão, sobretudo associadas à monocultura do eucalipto e pinheiro, responsáveis pela criação de “grandes áreas sobrelotadas de monocultura de classes de idade única”. E avisaram que, sem mudanças estruturais, a tragédia se repetiria. Dados do último Inventário Florestal Nacional (IFN) revelam uma cultura de abandono no que se refere a uma das espécies mais prevalecentes em Portugal: o eucalipto.
O programa de Governo não menciona especificamente o eucaliptal ou a indústria da pasta de papel. Em traços gerais, o executivo compromete-se a reforçar o investimento nas fileiras de base nacional (sobreiro, pinheiro-bravo e pinheiro-manso), a modernizar e capacitar o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) a rever a carreira dos vigilantes da natureza e valorizar a dos sapadores-florestais, a estudar linhas de crédito para jovens agricultores e a atrair e qualificar mão-de-obra do sector florestal. Há ainda uma aposta na arborização com espécies autóctones, que aumentem a biodiversidade e tornem a floresta mais resistente aos incêndios. Na entrevista com Rui Ladeira, falou-se de uma floresta reforçada, do ponto de vista do seu valor ambiental, mas também, e sobretudo, do ponto de vista económico.
Economia da floresta: gerir um “peso-pesado”
“A floresta é um verdadeiro peso-pesado na economia nacional”, diz Rui Ladeira. Como mostrámos no segundo artigo desta série, em 2021 Portugal ocupava o 8.º lugar entre os Estados-membros da União Europeia no que toca à importância relativa do Valor Acrescentado Bruto da silvicultura (riqueza gerada na produção, retiradas despesas como o valor dos bens e serviços necessários a essa produção). A floresta é um dos mais importantes sectores da economia portuguesa. Além disso, as empresas do sector são responsáveis por uma significativa parte das exportações nacionais. Do total de exportações do país em 2022, 9% são do sector florestal. Dessa percentagem, mais de metade pertence à fileira da pasta de papel, papel e cartão. Além disso, o sector florestal é um grande empregador: é responsável pela criação de mais de 100 mil postos de trabalho, segundo dados do ICNF actualizados em Novembro de 2023.
Fontes/Links:
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A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, divulgou recomendações sobre como gerenciar riscos de incêndios florestais prejudiciais, que podem ameaçar as pessoas e o meio ambiente.
O documento atualiza as diretrizes voluntárias anteriores da agência, publicadas há duas décadas, e incorpora novos conteúdos para enfrentar os desafios decorrentes da atual crise climática.
Segundo dados citados pela FAO, previsões apontam que os incêndios florestais extremos se tornarão cerca de 50% mais frequentes até o final do século. Mudanças ambientais ligadas à mudança climática, como aumento da seca, altas temperaturas do ar e ventos fortes, devem resultar em temporadas de incêndios mais quentes, secas e longas.
Atualmente, cerca de 340 milhões a 370 milhões de hectares da superfície da Terra são queimados por incêndios florestais anualmente. Quando esses incêndios se tornam extremos, podem afetar negativamente o desenvolvimento sustentável, ameaçar os meios de subsistência das comunidades e gerar grandes volumes de emissões de gases de efeito estufa.
Data: 30-07-2024
Fontes/Links:
https://news.un.org/pt/story/2024/07/1835311
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Travar a catástrofe em Palas de Rei, uma mensagem portuguesa
Artigo assinado por Alice Gato, Ana Henriques, Carlos Lopes Antunes, Fernando Antunes Amaral, Francisca Sá Mota, Isabela Ferro, João Camargo, Leonor Canadas, Maria Teresa Rito, Mariana Rodrigues, Miguel Manso, Mónica Casqueira, Nilton Cordeiro Júnior, Paulo Pimenta de Castro e Pedro Triguinho.
Tem sido com ânimo que ouvimos as notícias da forte mobilização das populações galegas contra a proposta da multinacional Altri de instalar uma gigante fábrica para produzir centenas de milhares de toneladas de celulose solúvel e de fibra têxtil vegetal. A experiência portuguesa é claríssima: o modelo de negócio e as fábricas de celuloses baseadas nas monumentais monoculturas de eucalipto têm sido há décadas o funeral do mundo rural e da natureza no interior do nosso país. Que ninguém o repita por falta de alerta!
Ninguém precisa de esclarecimento acerca de eucaliptos, incêndios florestais, abandonos e desertificação: Portugal é o país que reiteradamente mais arde no Mediterrâneo, é o país com maior área de eucaliptal relativo do mundo e um país em que o abandono do interior não para de acelerar. Mesmo depois dos maiores incêndios da nossa história, em 2017, as áreas de eucaliptal não pararam de aumentar e as celuloses, que estiveram e continuam a estar em todos e cada um dos governos portugueses desde o fim da ditadura, não viram os seus interesses beliscados em um euro. Sabemos também que são os territórios da Galiza e das Astúrias aqueles que mais ardem no Estado Espanhol e não é de espantar, considerando a sua composição florestal infelizmente tão próxima da nossa, absolutamente invadida e ocupada por Eucalyptus globulus e Eucalyptus nitens.
Portugal é o país que reiteradamente mais arde no Mediterrâneo, é o país com maior área de eucaliptal relativo do mundo
Vivemos em territórios cada vez mais perigosos pela combinação entre crise climática e eucaliptização. Mesmo considerando os dúbios critérios da certificação florestal, tão dominada pela indústria das celuloses, que são as mesmas que presidem ao esquema FSC, como a Altri faz neste momento, esta empresa teve o seu certificado de gestão suspenso em 2011 por reiterados atropelos à boa gestão silvícola e até plantação em áreas protegidas. Os eucaliptos e as celuloses na Península Ibérica são a antecâmara da desertificação, promovendo os incêndios e impedindo a adaptação dos nossos territórios ao clima futuro.
Depois da fábrica
Mas este é apenas o problema antes de chegarmos à fábrica. A indústria das celuloses é a indústria que mais gases com efeito de estufa emite em Portugal (se bem que a The Navigator Company neste caso suplanta a Altri). De entre muitos episódios que ano após ano marcaram os rios portugueses, o complexo industrial da Altri em Vila Velha de Ródão é um exemplo histórico de destruição reiterada do rio Tejo, fruto de descargas devastadoras. A Celtejo, propriedade da Altri, descarrega regularmente efluentes perigosos no maior rio da Península Ibérica. Nos anos entre 2015 e 2018 houve forte contaminação exposta publicamente por vários cidadãos "Guardiões do Tejo", incluindo grandes mortandades de peixe, formação de espumas com mais de um metro de altura, bloom de algas e cianobactérias, entre outros. O rio, escuríssimo, tinha níveis de fibras celulósicas 5.000 vezes superiores aos normais, tendo a Agência Portuguesa do Ambiente identificado o emissário da Altri como a fonte. Na altura chegou-se mesmo a considerar a possibilidade de descargas de outros subprodutos da indústria da celulose, como as lamas secundárias ou licor negro, com enorme capacidade de fazer espuma por causa da soda cáustica e sabões de resina. O governo, que então ameaçou proibir as descargas da fábrica, acabou por mandar encerrar outras fábricas poluidoras no Tejo e deixar a Altri intocada. No meio deste processo, a Celtejo tinha processado Arlindo Marques, ambientalista que tinha registado em vídeo as descargas e a poluição, pedindo-lhe 250 mil euros. Em 2019 teve de abandonar a ação. Em 2021, a Altri livrou-se do nome Celtejo, tão associado aos escândalos da poluição, rebatizando a fábrica de Biotek.
Outra famosa fábrica da Altri, a Celbi, na Figueira da Foz, junto ao litoral, faz as descargas de celuloses através de um emissário que despeja diretamente dentro do mar, sem limites na quantidade de matéria orgânica dissolvida (CBO5/TSA, que retira oxigénio dissolvido na água, que afeta todos os seres que vivem no meio aquático). A terceira fábrica, a mais antiga, é a Caima, em Constância. Além das já habituais descargas negras no rio Tejo, que o deixam frequentemente com níveis de oxigénio dissolvido zero, a fábrica (como as outras duas) marca toda a região pelo fortíssimo e nauseabundo cheiro que permanece no ar.
Não podemos desejar nem aceitar que as experiências catastróficas desta indústria portuguesa vão destruir agora território galego (ou qualquer outro). A indústria suja da celulose, que desde a plantação até à saída da fábrica é um fardo tantas vezes letal para pessoas, regiões e biodiversidade, não precisa de novas fábricas. Pelo contrário, a produção e consumo de celulose e de papel tem de ser ativamente reduzida.
Sabemos bem dos argumentos esgotados destas empresas, que servem principalmente para cooptar aparelhos políticos e partidários. São argumentos que rejeitam ativamente a realidade, escondendo o seu impacto social e ambiental, pintando-se tantas vezes estas empresas de verdes ou sustentáveis, com apoio de fortes agências de comunicação. A indústria da celulose e do papel é uma mina a céu aberto, destruindo inapelavelmente comunidades e territórios.
Do lado de cá, enviamos não só avisos como solidariedade e coragem. Que o povo galego trave a Altri e nos devolva a lição para também nós por cá acabarmos com esta indústria de morte.
Data: 28/XUÑO/24
Fontes/Links:
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The infrastructure needed for renewable energy includes things like wind turbines and solar panels which capture natural sources like the sun and wind. It also involves powerlines to carry the electricity from where it originated to where it’s needed. While there are renewable energy infrastructure projects that are carefully designed to minimise environmental impact and maximise efficiency, there are cases where projects are rushed, poorly planned and executed badly. It doesn’t have to be this way and support like yours means we can continue working to provide the solutions.
https://www.birdlife.org/campaigns-appeals/keepbirdssafe/
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Earth Overshoot Day is computed by dividing the planet’s biocapacity (the amount of ecological resources Earth is able to generate that year), by humanity’s Ecological Footprint (humanity’s demand for that year), and multiplying by 365, the number of days in a year.
https://overshoot.footprintnetwork.org/
https://overshoot.footprintnetwork.org/newsroom/press-release-eu-overshoot-day-2024/
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Fontes/Links:
https://unric.org/pt/objetivo-15-proteger-a-vida-terrestre/
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Fontes/Links: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/12/21/milhares-de-pessoas-celebram-o-solsticio-de-inverno-em-stonehenge.ghtml ΦΦΦ